A oposição política venezuelana reagiu nesta sexta-feira (12) à decisão da Suprema Corte do país, que validou a "emergência econômica" decretada pelo presidente Nicolás Maduro após o Parlamento ter rejeitado-a.
Após a decisão judicial favorável ao presidente, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, anunciou que acelerará o plano para a "saída" de Maduro antes do término de seu mandato.
O projeto de destituição foi
apresentado no início deste mês, e a bancada opositora agora diz que o prazo de seis meses para uma solução "constitucional" para antecipar o fim do governo de Maduro "é longo demais".
O presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, fez o anúncio durante entrevista coletiva convocada para rejeitar a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), a qual ele chamou de "inconstitucional".
"Nos próximos dias teremos que oferecer uma proposta concreta para a saída desta desgraça nacional que é o governo de Nicolás Maduro", disse o deputado.
Allup afirmou também que denunciará a decisão do TSJ, que deixa sem efeito o que foi determinado na Assembleia, em órgãos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (
OEA).
Com o decreto de "emergência econômica", o governo poderá dispor de recursos sem controle do Parlamento, assim como de bens e mercadorias de empresas privadas para garantir o abastecimento, além de poder restringir o sistema monetário e o acesso à moeda local e estrangeira, tudo isso por 60 dias, "prorrogáveis".
Hoje, Maduro disse durante um ato que a "emergência econômica" decretada - e validada pelo tribunal -
durará todo o ano de 2016 e parte de 2017, porque "é preciso recuperar o país por completo" e "refazer todo o sistema produtivo, de distribuição, de comercialização e de fixação de preços de todos os produtos".
"O que acontece agora que o TSJ diz que o decreto está vigente? Bom que agora o governo não terá mais desculpas", disse Allup ao destacar que o Executivo não poderá usar como desculpa a rejeição do decreto pelo Parlamento para não resolver os problemas econômicos do país.
"Vamos ver se, com o conteúdo desse decreto, as filas e o desabastecimento de remédios e alimentos vão acabar, ou se isso será agravado. Vejamos se vai diminuir ou aumentar a insegurança. Mas, sobretudo, vejamos se esse decreto trôpego é capaz de resolver o problema de instabilidade de um governo", disse o deputado.
Ataques e protesto
O chefe do Legislativo afirmou que, apesar da última decisão do Supremo, o Parlamento não cederá em nenhuma de suas faculdades constitucionais, "mesmo com o risco" de o tribunal tentar "sustentar de forma agonizante um governo que já não pode se sustentar".
Ele também disse ter certeza que "o governo está fazendo o possível para que sofra um golpe" de Estado porque esta seria "a única justificativa histórica" que teria, "depois do fracasso monumental da chamada revolução bolivariana". Segundo o político, "há um movimento cada vez mais forte e crescente" dentro do próprio governo pedindo que Maduro renuncie.
O duas vezes candidato à presidência da Venezuela, Henrique Capriles, também reiterou hoje que é a hora de convocar um referendo para revogar o mandato de Maduro - que, segundo ele, "está destruindo a Venezuela".
Além disso, Capriles comentou que, com a decisão do Supremo, supostamente se confirma que "o Poder Judiciário não responde aos interesses dos venezuelanos, mas aos de um partido político".
Postar um comentário
Clique para ver o código!
Para inserir emoticon você deve adicionado pelo menos um espaço antes do código.