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imagem rp. internet. |
Brasília - Com o início efetivo dos trabalhos do Congresso
esta semana, a oposição pretende explorar o avanço das investigações que
envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar
desgastá-lo, enfraquecer o nome do petista como candidato ao Palácio do
Planalto em 2018 e ainda reacender o debate sobre o afastamento da presidente
Dilma Rousseff, seja pela via do impeachment ou por uma decisão do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) de cassação da chapa composta com o vice-presidente
Michel Temer (PMDB).
A primeira iniciativa concreta da estratégia será propor a
convocação de Lula para depor na CPI que investigará denúncias de fraudes
contra a Receita Federal por bancos e grandes empresas.
As suspeitas são de que houve pagamento de propinas para
manipular julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em
casos de sonegação fiscal.
A criação da CPI foi autorizada no início do mês pelo
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário do governo Dilma.
O líder da oposição, Miguel Haddad (PSDB-SP), diz que a
convocação "é o único e mais eficiente instrumento" à disposição dos
parlamentares para investigar o petista. "É uma oportunidade de Lula se
explicar. É uma obrigação de quem tem cargo público ou já ocupou, ainda mais
quando é um ex-presidente."
O novo líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), diz
que a convocação do ex-presidente é fundamental para mostrar que Lula "não
está acima do bem e do mal".
"O ex-presidente é um cidadão como outro qualquer, tem
que dar explicações à sociedade", afirma. O líder do PPS na Casa, Rubens
Bueno (PR), diz que, há muito tempo, Lula já deveria ter dado
"respostas" à sociedade. "O esforço dele deveria ser para que tudo
seja esclarecido. Se não quiser, vamos chamá-lo".
Lula é alvo de uma série de apurações formais. A Operação
Zelotes investiga, além das irregularidades no Carf, um esquema de
"compra" de medidas provisórias em seu governo.
O Ministério Público de São Paulo apura a suspeita de
ocultação de patrimônio relacionada à compra de um tríplex no Guarujá, no
litoral paulista.
Lula admite ter visitado o imóvel com o então presidente da
empreiteira OAS, Léo Pinheiro, condenado à prisão, mas nega ser proprietário do
apartamento.
Para governistas, a criação da CPI do Carf é a primeira
ofensiva clara de Cunha contra o governo neste ano. A aposta do Planalto e de
aliados é, além de sair em defesa de Lula e Dilma no Congresso, avançar com a
agenda econômica para sair da crise.
O presidente da Câmara nega afronta ao governo e afirma ter
criado a comissão porque era a primeira da fila e tem fato determinado. Ele
disse que o autor do requerimento de criação da CPI, João Carlos Bacelar
(PR-BA), ficará com a relatoria da comissão.
A presidência, disse, será escolhida após a eleição do líder
do PMDB, marcada para quarta-feira - o cargo ficará com o bloco comandado pelos
peemedebistas.
Limites
Cunha disse à reportagem que, do ponto de vista regimental,
há impedimento para se convocar Lula porque a apuração que o envolve não consta
do requerimento de criação da CPI
. Ele avaliou, porém, que essa será uma decisão
"política" da comissão de inquérito, caso o pedido vá à votação.
"Mas acho que a base deverá impedir (a convocação)", ponderou, sem
dar opinião se concorda ou não com a convocação.
"Não posso ter opinião sobre isso. Não será minha a
decisão."
Bacelar afirmou que a apuração envolvendo o ex-presidente
não fez parte do pedido de criação da CPI. "Meu requerimento não foi
específico do Lula nem do processo da compra de MPs", limitou-se a
declarar. Aliado do Palácio do Planalto, o atual líder do PMDB e candidato à
recondução, Leonardo Picciani (RJ), disse considerar "cedo" para se
falar em convocações na CPI.
A estratégia de utilizar CPIs para tentar desgastar Lula e o
governo não é nova. No ano passado, quatro pedidos para convocá-lo na CPI do
BNDES e dois para ouvi-lo na da Petrobrás não tiveram êxito.
Os oposicionistas também deverão usar as tribunas da Câmara
e do Senado e cobrar explicações públicas do ex-presidente, que, antes do
avanço das apurações, não era tão abertamente questionado.
A decisão de apostar em um desgaste de Lula pode ajudar a
oposição a tentar resgatar a força do pedido de impeachment de Dilma. Governo e
oposição avaliam que o processo de impedimento arrefeceu após decisão do
Superior Tribunal Federal.
Para o líder do DEM, o governo "se engana" ao
achar que o movimento pelo afastamento de Dilma arrefeceu.
"Lula e Dilma estão umbilicalmente ligados, não tem
como separar", avalia ele. "O ano de 2015 não terminou",
reforçou Bueno.
Fonte: http://exame.abril.com.br/
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