A organização Médicos sem
Fronteiras (MSF) divulgou hoje (14) relatório em que faz um apelo aos governos
para que alinhem as políticas de pesquisa na área da saúde aos interesses da
população. Segundo o documento, as empresas farmacêuticas negligenciam algumas
das maiores ameaças à saúde, com por exemplo o aumento de infecções resistentes
e o ebola. A tuberculose é outro exemplo, dado pela organização, de doença com
lacunas no tratamento. De acordo com o levantamento, nos últimos 50 anos só
foram lançados dois medicamentos contra a doença infecciosa que mais mata no
mundo, responsável por 1,5 milhão de mortes por ano. É hora de alinhar pesquisa
e desenvolvimento médicos às necessidades de saúde da população), está sendo
divulgado às vésperas da Assembleia Geral das Nações Unidas, que ocorrerá na
próxima semana e, entre outros assuntos, vai discutir a busca por novos modelos
de pesquisas médicas que incentivem a produção de medicamentos com custo mais
acessível para doenças negligenciadas. “Tanto em países pobres quanto em países
ricos, as pessoas estão descobrindo que os medicamentos de que precisam ou não
existem ou são tão caros que elas não podem comprá-los, e os governos precisam
resolver esses problemas”, disse em nota Katy Athersuch, assessora para
políticas de inovação da Campanha de Acesso da MSF, Segundo o levantamento do
MSF, os governos não fazem com que as pesquisas financiadas com o dinheiro dos
impostos atendam às necessidades de saúde prioritárias. “Governos financiam US$
70 bilhões, dos US$ 240 bilhões gastos anualmente com pesquisas médicas, mas
falham em usar as doses corretas de incentivos e regulação para conseguir os
produtos de que precisamos. Em 2014, apenas 16% dos investimentos em pesquisa
sobre doenças relacionadas à pobreza vieram de empresas farmacêuticas”, diz o
documento. A organização também defende que se os governos oferecem financiamento
para pesquisas médicas, eles devem exigir que o produto final seja acessível à
população. “Governos concedem a empresas direitos sobre produtos desenvolvidos
com dinheiro público por meio da concessão de patentes a corporações
farmacêuticas – direitos exclusivos para comercializar e usar invenções,
incluindo remédios. Isso mantém os preços altos porque cria monopólios; sem
concorrentes, empresas farmacêuticas ficam livres para cobrar o que quiserem”,
acrescenta o relatório. Para a organização, a falta de ferramentas de
diagnóstico, de vacinas e de medicamentos para ebola e infecções resistentes,
por exemplo, ilustra como o foco da indústria está na receita financeira
esperada pelas empresas e seus acionistas, e não nas necessidades médicas mais.
Informações agenciabrasil.
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